domingo, 26 de abril de 2009

BLOGAGEM COLETIVA DA UBE: MAX LUCADO NO BRASIL


A partir de 18 julho Max Lucado, o maior escritor de livros de inspiração do mundo, virá ao Brasil. Durante 10 dias, Lucado passará por São Paulo, Brasília, Belo Horizonte, Vitória e Rio de Janeiro com a turnê Sem medo de viver, que é também título do livro que o autor lançará em primeira mão no evento.

E no dia 25 de Julho será a vez do Rio de Janeiro receber esse renomado para compartilhar suas experiências de fé com um público estimado em 15 mil pessoas na Praça da Apoteose. Parte de sua apresentação será feita em português, pois Lucado, que já viveu no Brasil, tem um bom conhecimento da nossa língua. A entrada será gratuita e o evento conta com o apoio da Prefeitura e do Governo do Estado. Serão quatro horas de muita inspiração e motivação com a palavra de Lucado, apresentações de cantores cristãos nacionais e distribuição de vários brindes.

Para maiores informações: http://www.maxlucadonobrasil.com.br e http://www.thomasnelson.com.br/maxlucado

sábado, 18 de abril de 2009

Nova criatura ????

Temos perdido o conceito central da conversão. O Cristo a que servimos não é mais aquele revelado a nós, mas um que criamos a partir do que nos interessa

Li recentemente um comentário sobre o novo livro de Ronald Sider: The Scandal of the Evangelical Conscience (“O escândalo da consciência evangélica”), no qual, a partir de dados estatísticos colhidos em pequisas encomendadas aos institutos Gallup e Barna, além de levantamentos feitos por universidades, o autor traça um retrato da Igreja Evangélica nos Estados Unidos. E a conclusão é trágica. As pesquisas indicaram que o padrão de comportamento dos cristãos – não os nominais, mas aqueles que afirmam ter nascido de novo e que participam regularmente de suas igrejas – não é em nada diferente daqueles que se declaram não-cristãos.
O índice de casos de divórcio e adultério e o uso de pornografia entre os adultos cristãos e os não-cristãos é o mesmo. O percentual de doações que os cristãos fazem em suas igrejas caiu ao mesmo tempo em que a renda per capita aumentou muitissimo, o que mostra que o materialismo e o estilo de vida individualista entre eles não diferem muito do daqueles que se declaram sem religião. No grupo dos cristãos, a atividade sexual de adolescentes e jovens antes do casamento e o índice de doenças sexualmente transmitidas ficam apenas um pouco atrás do que a média nacional. Episódios de racismo, abusos e a violência doméstica também apresentam índices alarmantes entre o segmento que diz conhecer Jesus.
Diante destes dados, Ron Sider traz à luz a profunda hipocrisia do cristianismo e a completa irrelevância do testemunho da Igreja na América do Norte. Infelizmente, não temos pesquisas desta natureza aqui no Brasil, mas eu arriscaria, mesmo que empiricamente, dizer que nossa situação, se não é igual, talvez seja até pior. No entanto, o problema maior, a meu ver, é um dado estatístico que aparece nessas pesquisas e diz que apenas 9% dos cristãos adultos e 2% dos cristãos adolescentes e jovens têm uma cosmovisão bíblica. Ou seja, mais de 90% do chamado povo de Deus não interpretam a realidade, a cultura, o mundo, o trabalho, as relações, a sexualidade e outros aspectos da vida a partir de um fundamento bíblico – daí, não fica tão difícil entender porque os cristãos em nada diferem dos não-cristãos em seu testemunho ético e moral.
Minha preocupação, olhando para o cenário brasileiro, não é em relação a algum aspecto particular da conduta moral ou ética dos crentes, mas com a ausência de um fundamento bíblico, teológico e doutrinário para a vida e missão cristã. O marco inicial da vida cristã é nossa conversão a Cristo. Este é o evento que estabelece o ponto de partida da nova vida em Jesus. O apóstolo Paulo descreve tal evento com as seguintes palavras: “Fui crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim” (Gálatas 2:20). É assim que ele resumidamente descreve o que aconteceu desde o dia em que o Salvador se revelou a ele no caminho de Damasco. Agora, Paulo reconhece que o “velho Saulo” já não vive mais, mas é Cristo que vive pelo poder do Espírito Santo nele. Trata-se de uma nova vida vivida agora pela fé e naquilo que Jesus fez por ele. Isto é o que chamamos de conversão.
Naquele momento em que o Senhor se revelou a ele, Paulo reconheceu que tudo que ele pensava ser certo, toda a sua religiosidade que fez dele um homem tão íntegro e responsável, na verdade estava levando-o para um caminho completamente oposto ao de Deus. Ele, que se julgava um grande amigo de Deus, fazendo o melhor que podia para preservar a pureza daquilo que cria ser a sua vontade, viu-se como um inimigo do Senhor ao ouvir de Cristo: “Sou Jesus, a quem você está perseguindo”.
Aquele encontro transformou radicalmente, e para sempre, a vida de Paulo. Ainda caído no chão, ouviu Jesus dizer a ele: “Agora, levante-se, fique em pé. Eu lhe apareci para constituí-lo servo e testemunha do que você viu a meu respeito e do que lhe mostrarei”. Paulo ergueu-se para iniciar uma nova jornada, uma nova vida, uma nova missão. Depois de passar três anos na Arábia, ele volta para Jerusalém e inicia seu longo ministério, proclamando as boas novas do Evangelho de Cristo ao mundo.
Paulo tinha uma vida comum a muitas pessoas. Era um homem íntegro, zeloso e coerente com suas convicções, como alguns de nós. No entanto, quando Cristo se revelou como Filho de Deus e Salvador, ele se entregou completamente. As coisas velhas ficaram para trás; suas antigas ambições foram abandonadas, seus velhos princípios, valores e conceitos, também foram deixados para trás. Não era mais o mundo quem determinava o certo ou o errado, nem mesmo sua consciência tinha a última palavra – o que lhe importava era Cristo, sua palavra, sua cruz, sua ressurreição, sua vontade. Foi uma experiência que mudou a compreensão que Paulo tinha do mundo e dos seus valores, alterando radicalmente sua cosmovisão e estabelecendo novos paradigmas que iriam conduzir sua vida, seus valores, princípios e trabalho.
Temos perdido este conceito tão central e fundamental da conversão. O Cristo que queremos servir não é mais aquele que se revela a nós, mas um que criamos a partir daquilo que nos interessa. A vida cristã não significa mais o “ser nova criatura”, mas permanecer sendo a mesma criatura, com um leve toque de verniz religioso. Não é mais a voz de fora que fala conosco, mas uma voz de dentro, um apelo nascido da vaidade, do medo, do egoísmo e dos desejos confusos e desordenados que povoam nossa natureza caída.
Precisamos recuperar o significado de dizer: “Fui crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim”. Precisamos voltar a viver pela fé no Filho de Deus, e não pelos impulsos da nossa natureza caída ou atraídos pelo fascínio de uma cultura que nega a cruz de Cristo.

Ricardo Barbosa de Souza
é conferencista e pastor da Igreja Presbiteriana do Planalto, em Brasilia

O caminho da sensatez

Só a volta aos fundamentos da fé cristã será capaz de nos oferecer o caminho da sensatez e da liberdade
Como pastor, tenho observado que muitos cristãos vivem aprisionados e não gozam a liberdade em Cristo. São pessoas movidas por ansiedades, medos e inseguranças. Muitos carregam mágoas, culpas e ressentimentos. Por isso, não conseguem se relacionar livremente, nem com Deus, nem com o próximo. Jovens e adolescentes que são prisioneiros da aparência ou dominados pelas vontades e caprichos dos outros. Movem-se por impulsos sexuais e afetivos levianos e descomprometidos, ou são dependentes de drogas e bebidas.

Somos prisioneiros do passado por causa das nossas lembranças e memórias. E somos prisioneiros do futuro por causa das ansiedades. Em virtude disso, o presente torna-se vazio e cheio de tédio. A falta de significado intensifica a ansiedade e aumenta a vulnerabilidade a toda forma de manipulação emocional e religiosa, o que limita ainda mais a liberdade.

O apóstolo Paulo, grande mestre do ensino sobre a graça de Deus e da liberdade cristã, apresenta na sua carta aos gálatas, capítulo 3:1-5, cinco perguntas que descrevem seu coração perturbado diante do caminho absurdo que o povo de Deus havia tomado. Para ele, a ignorância daquilo que Cristo fez e a insensatez estavam levando muitos a viverem na mentira e na ilusão, ao invés de gozarem da vida abundante e liberta que Cristo lhes havia conquistado. As cinco perguntas de Paulo são um apelo à razão, ao bom senso e à lucidez para que, ao refletirem sobre elas, tais pessoas pudessem retornar ao caminho da liberdade.

A primeira pergunta nos coloca em contato com o evento mais importante da história da fé: “Ó gálatas insensatos! Quem os enfeitiçou? Não foi diante dos seus olhos que Jesus Cristo foi exposto como crucificado?” A cruz e a ressurreição são os eventos que garantem nossa liberdade. É o fato central em torno do qual todos os outros estão subordinados. A revelação do amor de Deus em Cristo Jesus, a forma como o pecado e a culpa foram resolvidos, a dádiva do “Espírito de adoção” que nos liberta do espírito da escravidão, tudo isto é central e fundamental para nos assegurar uma vida plena e verdadeira.

A segunda pergunta aponta para a natureza da vida cristã: “Gostaria de saber apenas uma coisa: foi pela prática da lei que vocês receberam o Espírito, ou pela fé naquilo que ouviram?” O Espírito Santo é a presença de Deus em nós e entre nós, e também o que torna a vida cristã possível. Cristo não foi apenas um grande exemplo de vida que deve ser imitado; ele vive em nós pelo poder do Espírito Santo, numa união real que nos possibilita viver pelo poder da ressurreição. Cristãos sensatos permanecem atentos ao que Deus está fazendo em suas vidas e nas experiências que o Espírito proporciona. Por outro lado, crentes insensatos ignoram tudo isso, criam regras para a presença do Espírito Santo, insistem em que o cumprimento de tais normas é imprescindível para termos o Espírito de Deus. Acabam vivendo por espasmos espirituais ou ancorados na espiritualidade dos outros.

A terceira questão que Paulo levanta nos conduz ao caminho da maturidade. “Será que vocês são tão insensatos que, tendo começado pelo Espírito, querem agora se aperfeiçoar pelo esforço próprio?” O apóstolo nos apresenta um caminho que se inicia com a revelação de Cristo e que continua com a presença e o poder do Espírito Santo que derrama sobre nós o amor de Deus, possibilitando-nos a viver a vida cristã. Quanto entramos neste caminho, iniciamos o processo de libertação. O problema é que começamos bem, crendo no amor de Deus e em sua graça maravilhosa; mas depois continuamos usando recursos próprios do legalismo ou moralismo, da manipulação religiosa e da chantagem. Iniciamos com o amor e continuamos com o cinismo e a desconfiança. Paulo está dizendo: “Usem a cabeça!” O bom senso nos preserva de abandonar o Evangelho da graça.

A quarta pergunta conduz ao reconhecimento dos valores que nos asseguram a liberdade: “Será que foi inútil sofrerem tantas coisas?” O que Paulo está dizendo é queuma pessoa sensata tem valores e por isso sofre – mas isto não inibe, nem limita a liberdade, muito pelo contrário. Uma pessoa sensata sabe o que quer e o que é importante para ela, e assim persevera no caminho da liberdade. Por outro lado, aqueles que não têm valores acabam vivendo por impulsos, tornam-se prisioneiros das pressões dos outros. Como cristãos aprendemos que o amor, a paz, o domínio próprio, a misericórdia e a mansidão são valores fundamentais. Aprendemos que o corpo é o templo do Espírito Santo e que nossa mente não é nenhum depósito de lixo. Sabemos que o perdão é melhor que a vingança, e a justiça é o caminho para a santidade. Quando perdemos tais valores, ficamos reféns da propaganda e da ilusão. Perdemos a liberdade.

Por fim, a última pergunta reafirma tudo o que ele tem dito. “Aquele que lhes dá o seu Espírito e opera milagres entre vocês realiza estas coisas pela prática da lei ou pela fé com a qual receberam a palavra?” Quanto mais fiéis formos para com o Evangelho que recebemos, mais livres e verdadeiros seremos. O Evangelho nos revela a obra extraordinária da redenção de Jesus Cristo, nos coloca em comunhão com Deus e nos oferece seu Espírito que realiza os milagres da vida em nós. Esta é a realidade que nos envolve. Trocar esta realidade por outra é viver na insensatez.

O apelo de Paulo é simples e o que ele propõe é óbvio: Usem a cabeça! Pensem! Não sejam estúpidos! Vivam sensatamente! A ausência de liberdade para muitos cristãos hoje é fruto da ignorância para com as verdades redentoras e libertadoras em Cristo, da substituição da Palavra revelada por palavras vazias e sem propostas transformadoras. São milhares de irmãos e irmãs que perderam o juízo e se aventuraram por um caminho de manipulação, chantagem e ignorância espiritual e teológica. Desenvolveram uma espiritualidade tão adoecida quanto a teologia que abraçaram ou que lhes foi ensinada. Só que Paulo nos recomenda a volta para os fundamentos da fé cristã, pois são eles que nos oferecerão o caminho da sensatez e da liberdade.

Ricardo Barbosa de Souzaé conferencista e pastor da Igreja Presbiteriana do Planalto, em Brasilia

domingo, 12 de abril de 2009

Páscoa do Senhor X Coelhos e Ovos de Chocolate

por Davi de Souza

Infelizmente, porém, essa data na maioria das vezes é lembrada pelas famílias, inclusive cristãs, apenas pela distribuição de coelhos e ovos de chocolate, ou porque desconhecem o seu verdadeiro significado bíblico, ou porque preferem fazer-se de “inocentes”, a fim de evitarem maiores conflitos com os filhos, amigos ou familiares, que sempre insistem em dizer: “não há nenhum problema...”; “são apenas símbolos inocentes...”; “afinal de contas, todos praticam desta forma...”.

Na tentativa de “cristianizar” uma prática que nada tem a ver com o verdadeiro sentido bíblico da festa da Páscoa, instituída pelo próprio Deus, muitos artifícios são utilizados para deturpar verdades simples de Sua palavra. Alguns até “espiritualizam”, dizendo que o coelho, devido à sua grande fecundidade, simboliza a Igreja, que recebeu de Deus a capacidade de gerar muitos discípulos. Vale lembrar que no Antigo Testamento bíblico, o coelho era tido como animal impuro. Ao seu lado, dizem eles, vem o ovo que é símbolo de ressurreição, pois contém vida dentro de si que apenas aguarda o momento de ser revelada, fazendo alusão ao sepulcro de Cristo. Assim, o ovo de chocolate é lembrado como o túmulo que se abriu para a ressurreição de Cristo. As pinturas em cores brilhantes que acompanham as embalagens dos ovos de chocolate representariam a luz solar. Que engano!

Mas, como surgiram esses símbolos? Historiadores retratam o surgimento do coelho como símbolo a partir de festividades praticadas anualmente pelos egípcios no início da primavera, que utilizavam o animal como representação de nascimento e nova vida. Ao longo da história observamos que o coelho passou a ocupar o status de símbolo máximo na festa da Páscoa, em detrimento daquele que deveria estar no centro das atenções, Jesus Cristo, o CORDEIRO de Deus. Já os ovos começaram a ser dados como presentes pelos persas e egípcios. Os primeiros acreditavam que a terra teria saído de um ovo gigante, e os egípcios costumavam tingir os ovos com cores primaveris, acreditando que isso transmitiria boa sorte. Os cristãos primitivos da Mesopotâmia foram os primeiros a usar ovos coloridos especificamente na Páscoa. Mais tarde, a própria Igreja Romana foi introduzindo outros elementos simbólicos que nada tinham a ver com as origens bíblicas da celebração da Páscoa (Ex: Velas, que passou a significar “Cristo, a luz dos povos”).

A leitura do livro de Êxodo, capítulo 12, no Antigo Testamento nos mostra a verdadeira origem e significado dessa festa tão importante no calendário judaico e cristão. Depois de o povo de Israel passar mais de quatrocentos anos de escravidão no Egito, Deus decidiu libertá-lo. Para isso suscitou um libertador, Moisés, que transmitiu a ordem divina: “Deixa ir o meu povo”. Como faraó rejeitou a ordem de Deus, este enviou sobre a terra do Egito dez pragas, a fim de quebrantar-lhe o coração. Chegou a hora da décima e última praga, aquela que não deixaria aos egípcios nenhuma alternativa senão a de lançar fora os israelitas. Deus enviou um anjo destruidor através da terra do Egito para eliminar “(...)todos os primogênitos, desde homens até animais(...)” (Ex 12.12).

Visto que os israelitas também habitavam no Egito, como poderiam escapar do anjo destruidor? O Senhor emitiu uma ordem específica ao seu povo; a obediência a essa ordem traria proteção divina a cada família dos hebreus, com seus respectivos primogênitos. Cada família deveria tomar um cordeiro macho de um ano de idade, sem defeito e sacrificá-lo; famílias menores poderiam repartir um único cordeiro entre si (12.4). O mais importante viria a seguir: Parte do sangue do cordeiro sacrificado deveria ser aspergido nas duas ombreiras e na verga da porta de cada casa. Quando o anjo destruidor fosse enviado àquela terra, ele apenas “passaria por cima” das casas marcadas com o sangue, sem tocar mortalmente nos primogênitos. Daí o termo Páscoa, do hebraico “pesah”, que significa “passar ou saltar por cima”, “pular além da marca” ou “poupar”. Assim, pelo sangue do cordeiro morto, os israelitas foram protegidos da condenação da morte. Deus ordenou o sinal do sangue para mostrar profeticamente ao seu povo o que aconteceria centenas de anos mais tarde, quando Jesus derramaria o seu sangue na cruz do calvário para libertar o mundo do poder do pecado.

Naquela noite específica, além de marcar as casas com o sangue, os israelitas deveriam também comer ervas amargas e pães asmos (sem fermento). As ervas amargas representariam os anos de sofrimento que o povo havia passado no Egito, enquanto que o pão asmo representava o próprio Jesus, o pão vivo que haveria de descer do céu (Jo. 6.48,51,58) sem o fermento do pecado. Além disso, os israelitas deveriam estar vestidos e preparados para partir apressadamente (12.11), pois esta seria a noite de sua libertação da escravidão do Egito. Tudo aconteceu conforme o Senhor dissera (12.29-36) e a partir daí, o povo de Israel passou a celebrar a Páscoa como uma festa perpétua, um memorial, todos os anos na primavera.

O fato de Jesus, muitos anos mais tarde, ter morrido exatamente durante a celebração da festa da Páscoa não aconteceu apenas por coincidência, mas para cumprir um propósito profético de Deus. Jesus foi o nosso “Cordeiro Pascal”, enviado por Deus para tirar o pecado do mundo (Jo. 1:29). Não podemos, portanto, denegrir a importância de tão grande sacrifício, cujo sangue precioso foi aspergido, não nas portas de algumas casas, mas nos nossos corações, possibilitando-nos desfrutar de uma vida abundante, longe da escravidão do Egito (mundo) e da tirania de faraó (Satanás).

Mas, como agir com nossos filhos, que estão inseridos numa cultura que quase sempre valoriza apenas o imediato? Como podemos nos posicionar contra um valor, muitas vezes alimentado pela nossa sociedade, que não tem nada a ver com os valores cristãos?

Amados, se temos a consciência de que ovos e coelhos de chocolate nada têm a ver com a celebração da Páscoa, como homens e mulheres de Deus temos que nos posicionar incutindo a verdade nos corações dos nossos filhos. É claro que precisamos agir com sabedoria perante os familiares que não conhecem a Palavra de Deus, que em momentos assim presenteiam os nossos filhos, com a melhor das intenções. Outro lugar onde a pressão é grande sobre os nossos filhos é na escola, através dos amigos e até mesmo dos professores. Sendo assim, se necessário for, dê a eles uma barra de chocolate para que saciem sua vontade. Uma coisa é ganharmos algo dado com carinho por alguém que não possui o entendimento bíblico e outra é nós mesmos nos tornarmos cúmplices e propagadores de uma mentira como se fosse verdade (Is. 5.20,21), vivendo uma vida de faz-de-conta!

É muito importante que os nossos filhos entendam desde pequenos que nós temos feito uma opção de não viver uma vida apenas de “aparências” perante nossos familiares e amigos e que esse estilo de vida tem um preço. É hora de assumirmos nosso papel de pais não deixando escapar cada oportunidade. É hora de ensiná-los que a mentira dos “ovos de chocolate e dos coelhos felpudos” de páscoa, tão difundida pela mídia consumista e materialista, precisa ser combatida por todos aqueles que não desejam negociar o inegociável, nem baixar os seus padrões bíblicos.

Pr. Davi de Sousa - Comunidade Nova Aliança - Londrina/Pr
Autor: Davi de Souza

A Páscoa Judaica e a Páscoa Cristã

Por: Maria Clara Lucchetti Bingemer

Pessach (do hebraico חספ, ou seja, passagem) é o nome do sacríficio executado em 14 de Nissan segundo o calendário judeu e que precede a Festa dos Pães Ázimos . O nome Pessach é associado a esta festa, que celebra e recorda a libertação do povo de Israel do Egito, conforme se encontra narrado no livro do Êxodo. Corresponde ao que, no Ocidente, chamamos Páscoa judaica. O Cristianismo, que nasce no seio da sinagoga judaica, chamou de Páscoa sua maior festa: a que celebra a ressurreição de Jesus Cristo, reconhecido e confessado como Messias e Filho de Deus, do poder da morte para a vida que não termina. A Páscoa judaica e a Páscoa cristã têm muitas diferenças, mas também muitos pontos em comum.
De acordo com a tradição judaica, a primeira celebração de Pessach ocorreu há 3500 anos, quando de acôrdo com a Torah – a Lei de Deus – o Senhor enviou dez pragas sobre o povo do Egito. Antes da décima praga, - que seria a morte dos primogênitos das famílias egípcias - Moisés foi instruído pelo mesmo Deus a pedir que cada família hebréia sacrificasse um cordeiro e molhasse os umbrais (mezuzót) das portas, para que seus primogênitos não fossem exterminados.
Chegada a noite, os hebreus comeram a carne de um cordeiro sem mancha, acompanhada de pães ázimos e ervas amargas. Depois, um anjo enviado por Deus feriu de morte todos os primogênitos egípcios, desde os primogênitos dos animais até mesmo os primogênitos da casa do Faraó. Então este, temendo ainda mais a Ira Divina, aceitou libertar o povo de Israel para adoração no deserto, o que levou o povo ao Êxodo que o levou à liberdade e a sua constituição como povo.Como memória desta libertação, e do castigo de Deus sobre o Faraó foi instituído para todas as gerações de judeus a obrigação de celebrar a festa de Pessach para rememorar o que Deus fez em seu favor.
Pessach portanto significa a passagem, porém a passagem do Senhor através de seu mensageiro, o anjo . Posteriormente foi agregado a esta concepção a passagem dos hebreus pelo Mar Vermelho que confirmou sua libertação. Até hoje os judeus celebram esta festa que evoca os preciosos símbolos que a história da libertação do Egito traz à memória e à história: liberdade, justiça, reinício do ciclo da vida.
A festa cristã da Páscoa tem origem na festa judaica, mas possui um significado diferente. Enquanto para o Judaísmo, Pessach representa a libertação do povo de Israel do Egito, no Cristianismo a Páscoa é a festa maior que celebra a morte e ressurreição de Jesus Cristo, assimilando também diversos elementos alegóricos de morte e renascimento representados pela transição do inverno-primavera que ocorre neste período no hemisfério norte; ou pelo ovo símbolo da vida, ou pelo coelho, símbolo da fecundidade e abundancia de vida.
Nada haveria acontecido e nada haveria a celebrar se não fosse essa passagem do Senhor, ao mesmo tempo assustadora e alumbradora na vida do povo de Israel e na carne torturada e assassinada de Jesus de Nazaré. Foi por esta apertada e apressada passagem que o povo eleito conheceu a liberdade e também conheceu mais ao seu Deus. No duro aprendizado do deserto, este mesmo povo aprenderá que não há que ter saudades da falsa abundancia da escravidão, com panelas cheias de cebola e carne. Pelo contrário, há que alimentar-se do escasso maná, dado por Deus segundo a necessidade de cada dia enquanto se caminha rumo à verdadeira liberdade e plenitude.
Os primeiros cristãos viram no mistério pascal de Jesus Cristo novo Exodo e nova Páscoa. Na pessoa do Nazareno inocente e condenado pelos poderes deste mundo enxergaram a salvação, a passagem do Senhor que enfim manifestava o seu Dia. Era cumprido o Tempo e a salvação enfim se fazia presente sobre a história. O Senhor voltaria novamente em plena glória e enquanto tal havia que esperá-lo vivendo o amor até as últimas consequencias.
No entanto, com o passar do tempo, a comunidade cristã foi compreendendo que essa revelação ainda tinha muito a ensinar. Com a Ressurreição do Crucificado, Deus seu Pai dissera sua última palavra sobre aquela vida feita só de amor e humilde serviço. A morte não tinha mais poder sobre ele. E a partir dele, não teria mais poder sobre nenhum homem e mulher vindos a este mundo.
Porém, a Paixão ainda não terminara no seio da história. Enquanto a criação inteira se contraía com a dolorosa expectativa da mulher que vai dar à luz e em meio a suas dores pre-sente a esplendorosa alegria do alumbramento do parto, continuava a haver sofrimento no mundo. Lutas de poder no interior da comunidade, perseguições de toda sorte por parte das mais diversas instâncias. A luz trazida pela passagem de Jesus da morte para a vida pelo poder de Deus brilhava através e apesar das trevas que ainda continuavam com paciência termital seu trabalho predatório sobre a vida e a humanidade.
Por isso o grande Paulo de Tarso ensinará às comunidades por ele fundadas e amadas com paternas entranhas que é preciso vigiar. O Ressuscitado ainda está crucificado toda vez que a vida é machucada e a injustiça parece ganhar terreno. A vitória já está alcançada mas ainda não se manifestou em plenitude. E enquanto isso é preciso ter os rins cingidos, as sandálias aos pés e o cajado à mão. E deixar-se possuir pela urgência e pela pressa.
Urgência de fazer avançar o Reino de Deus através do conflito e da dor. Pressa de fazer acontecer o amor sobretudo ali onde o desamor parece haver conseguido seu maior avanço: na pobreza, na injustiça, na violência, na exclusão. Mas em meio à pressa e à urgência, coração alegre e esperançado. Pois o Senhor passou e passa. Passou em meio ao povo cativo levando-o do cativeiro à libertação. Passou no corpo e na vida de Jesus de Nazaré suscitando-o da morte à vida. Passa e passará em nossas vidas levando-nos da noite escura da injustiça, da violência e do vazio à alegria luminosa que vem do amor feito serviço e lava pés aos irmãos oprimidos no rosto de quem brilha o rosto do Ressuscitado.
Por isso a celebração da Páscoa, entre judeus ou cristãos, é a festa da vida e da alegria ,mas também da urgência. Urgência de viver no respeito e não apenas na tolerância às diferenças que marcam as diversas identidades. Indignação e prática amorosa diante das enormes desigualdades que aprisionam e desumanizam sociedades inteiras.
Urgidos pela pressa de construir o Reino e cientes que não seremos livres enquanto outros permanecerem escravos de corpo ou de alma, cantemos Aleluia! É nosso dever e nossa salvação, pois Deus passou e libertou seu povo; passou e ressuscitou seu Cristo dentre os mortos e nada mais poderá separar-nos de seu amor.Uma muito Feliz Páscoa para todos!

* Maria Clara Lucchetti Bingemer, teóloga, professora e decana do Centro de Teologia e Ciências Humanas da PUC-Rio, e Diretora Geral de Conteúdo do Amai-vos. É também autora de "A Argila e o espírito - ensaios sobre ética, mística e poética" (Ed. Garamond), entre outros livros.